segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Campanha política ou religiosa?

A postagem anterior de 14/10, deixou alguns dos meus leitores um tanto chocados.
Decidi voltar ao assunto para esclarecer alguns pontos.
Em primeiro lugar quero dizer que por tradição de família sou católico apóstolico romano, embora atualmente não praticante, justamente por causa de pessoas como o padre José Augusto, das quais não concordo absolutamente com seus pontos de vista.
O Deus em que acredito não discrimina pessoas nem toma partido político.
Na minha opinião somos todos iguais e criação do mesmo Pai, independente de etnia, credo ou opção sexual. Todos somos seres humanos.
Os maiores ensinament0s deixados por Jesus Cristo são baseados exatamente na tolerância e no perdão.
Quando falei que o referido padre pelo fato de ser negro não poderia entrar na igreja há tempos atrás, é justamente me referindo ao fato das pessoas de sua etnia terem sido discriminadas, o que deveria lhe servir de exemplo para que ele próprio não discrimine ninguém.
Quando ao fato de ter criticado a igreja por não se manifestar sobre certos acontecimentos da história, é porque me causa estranheza só agora esse engajamento tão ferrenho na campanha política contra o partido dos trabalhadores e sua candidata a presidência da república.
Gostaria de aproveitar a oportunidade e fazer alguns questionamentos ao padre José Augusto:
- Durante os oito anos do governo do PT, aconteceu alguma invasão ou proibição de algum culto em qualquer templo ou igreja?
- Houve prisão ou perseguição de algum religioso, exceto alguns padres pedófilos, ou será que esses padres deveriam estar em liberdade para continuar cometendo esse tipo de crime hediondo?
- A receita federal já foi investigar a origem dos recursos arrecadados pelas igrejas, apesar de denúncias em vídeo, de pastores carregando sacos de dinheiro?
- Se a resposta é não, por que só agora em época de eleição se estabeleceu essa vontade exagerada de se discutir a questão do aborto?
- Porque não se discutir também assuntos como a adoção responsável, os contraceptivos e o celibato dos padres?
Em momento algum usei este blog pra pedir voto para quem quer que seja o candidato.
O que tenho feito é denunciar o que considero a escória da política brasileira.
Entretanto, fico abismado de ver o candidato do PSDB/DEM José Serra, junto com a grande imprensa elitista desse país usarem de subterfúgio para tentar ganhar as eleições a qualquer preço.
E já que o assunto é religião, por que só agora esse senhor resolveu comparecer a tudo que é evento religioso?
Por que não fez isso antes da campanha?
Vejo também outras pessoas formadoras de opinião, como o pastor Silas Malafaia, usando de sua influência religiosa pra tomar partido para o referido candidato.
Nesse final de semana passado, por exemplo, a polícia federal apreendeu dois milhões de panfletos contra a candidata do PT Dilma Roussef, patrocinados pela diocese de Guarulhos com dinheiro dos fiéis, na pessoa do bispo Luiz Gonzaga.
É ou não é uma tremenda sacanagem?
Agora vamos ser razoáveis, se o estado não pode interferir nas religiões, então por que as religiões podem interferir nas coisas do estado?
E se o presidente da república fosse a televisão pedir para o povo brasileiro escolher essa ou aquela religião?
É por isso que não posso de maneira nenhuma aceitar uma campanha política onde se use dois pesos e duas medidas.
E ainda muito embora não seja um estudioso das religiões, particularmente acho que não se deve misturar política com religião.
O próprio Jesus Cristo em uma passagem na bíblia afirmou "A César o que é de César e a Deus o que é de Deus".
Portanto meus caros leitores e seguidores, quero terminar dizendo que ao contrário do que afirma o padre em epígrafe, não acredito que para se encontrar Deus seja necessário rezar missa de hora em hora.
O meu Deus, no qual acredito é onipotente e onipresente, está em todo lugar e não discrimina ninguém.

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