sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Plebiscito do dia 11

No próximo dia 15/12, finalmente será realizado o plebiscito para a divisão do estado do Pará, apesar da mídia nacional, principalmente da região sudeste fazerem campanha contra, alegando entre outros motivos:

a) O dinheiro para criação dos novos estados será custeado através dos impostos pagos pela região mais rica do país, no caso São Paulo;

b) Que a votação deveria ser efetivada entre todos os brasileiros;

c) Citarem Rondônia, Amapá e Roraima, como exemplos mal sucedidos de emancipação;

d) Que os novos estados a serem criados têm orçamento insuficiente;

e) Serão criados mais cargos políticos e com isso mais cabide de empregos e corrupção;

Em Primeiro lugar, somos todos brasileiros e nada mais justo que as riquezas sejam distribuídas igualitariamente. (lembrando o caso do pré-sal que trataremos em outra oportunidade).
Segundo, como é que se pode deliberar o poder de decisão para todo o Brasil, se a maioria dos brasileiros nem sequer conhece ou jamais viajou para a região amazônica? Quem deve opinar realmente é quem viveu ou vive nessa região e sabe das suas reais necessidades.
Tome-se como exemplo os estados de Tocantins e Mato Grosso do Sul. O que aconteceu com Rondônia foi uma imposição da ditadura militar com o seu projeto "Pólo Noroeste" que pregava o desenvolvimento a qualquer preço e destruiu quase toda a vegetação nativa. Não serve como parâmetro.
É lógico que para a divisão dos novos estados, a federação terá que fazer investimento para que no futuro próximo as novas unidades possam caminhar com suas próprias pernas.
Por fim, é necessária a criação de nova estrutura administrativa, não só para as necessidades próprias de gestão, mas também a criação de novos cargos políticos para que usufrua de seu direito de representatividade junto ao congresso nacional.
O resto mais é balela.

Abaixo, matéria publicada no JBF em 18/11/20
11.

A DIVISÃO DO PARÁ

Por Hardy Guedes

No dia 11 de dezembro, haverá um plebiscito no estado do Pará, para que a população decida pela divisão, ou não, do estado em três.
Embora eu não seja paraense, não more por lá e jamais tenha visitado aquela terra (apesar de pretender fazê-lo um dia), sou totalmente favorável à divisão.
Não somente do Pará, mas, também, de outros estados de dimensões tais que não permitem que se leve ao interior mais progresso e desenvolvimento.
O Brasil é um país de capitais concentrados em torno das capitais, o que prejudica, e muito, o desenvolvimento uniforme.
E o interesse dos governantes por um maior cacife político tende a fomentar na população uma ideia de grandeza prejudicial a todos. Menos aos governantes, é claro, que colocam a maioria dos eleitores numa área limitada e, assim, trabalham em favor dos habitantes de uma área menor e obtêm mais votos e, consequentemente, mais poder.
Creio ser preferível estados menores com um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) maior, do que o contrário.
De que adianta ter espaço mal dividido, cheio de latifúndios?
De que adianta ter espaço, se as indústrias, universidades, hospitais e investimentos, de um modo geral, estão concentrados em torno das capitais?
Imagino que no Pará, no Amazonas e em outros estados “gigantes” pregue-se veladamente a ideia de que são maiores que outros estados da federação, que têm mais riquezas no subsolo e coisas do tipo.
Só que a população, de um modo geral, não vê o cheiro dessa riqueza. Ela vai para o bolso dos governantes e das empresas para as quais são dadas as concessões de exploração.
A divisão, pelo menos, costuma atrair novos investimentos, gerar mais empregos e deixar os governantes mais à vista do povo.
É claro que muita gente dirá que serão mais 3 senadores por estados, mais secretários disso e daquilo, mais deputados estaduais com seus assessores … Sei disso. Mesmo assim, ainda acho muito bom que se divida os estados gigantescos, porque o tamanho que têm torna mais difícil a sua administração.
Se usarmos os Estados Unidos da América como parâmetro, veremos o seguinte:
1) Tamanho dos EUA – 9,37 milhões de km2. Número de estados: 50. Média = 187.400 km2 por estado;
2) Brasil – 8,5 milhões de km2. Número de estados: 27. Média = 314.814 km2 por estado. Ou seja, a média de cada estado brasileiro é cerca de 70% maior do que a média dos estados americanos;
3) O Pará, atualmente, está com 1,25 milhões de km2. Quase dez vezes mais.
4) Com a divisão proposta, o estado de Tapajós ficaria com 732.509,5 Km² (grande demais ainda); o do Pará, propriamente dito, com 218.776,4 Km² e o de Carajás com uma área de 296.664,1 Km².
Desconfio que a administração dos estados americanos seja mais eficaz que a dos nossos, por conta da maioria deles serem bastante menores do que os nossos.
Penso que precisamos parar de ufanismos e regionalismos tolos e redividirmos o Brasil integralmente.
Podemos começar pelos estados maiores, redividindo-os e ocupando espaços vazios e pouco povoados, que acabam por gerar a cobiça estrangeira. E, mais tarde, redividindo aqui e ali, unindo lá e cá…, de modo que resulte em melhoria de qualidade de vida que, pelos índices divulgados esta semana, não anda nada boa.
Chegamos ao cúmulo de haver queda no índice de saneamento de algumas regiões, analfabetismo exagerado em outras…
É preciso que a população compreenda que tamanho não é documento.
Não adianta ter um território imenso se ele, de fato, não pertencer ao povo, se não oferecer condições reais de vida saudável, confortável, com acesso à educação, à saúde e ao saneamento básico.
O verdadeiro índice do qual todos deveriam se ufanar é o IDH, índice de desenvolvimento humano, do qual, no momento, não podemos ter orgulho nenhum.
Se eu deixar de ser fluminense, por exemplo, e passar a ser capixaba, mineiro, paulista, atlântico, guanabarino ou coisa que o valha, pessoalmente não me fará a mínima diferença. Continuarei sendo brasileiro como todos os demais.
Mas se a qualidade de vida da minha família e das pessoas à minha volta e em todas as regiões do Brasil melhorar… Isso, sim, fará uma grande diferença.

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