Nos últimos dias o MEC - Ministério da Educação distribuiu nas escolas um livro intitulado Por Uma Vida Melhor, o que vem gerando muita polêmica entre sociedade, imprensa e o próprio meio acadêmico.
Ontem, no programa Observatório da Impresa da TV Brasil, os professores Sérgio Nogueira, consultor de português das organizações Globo e Marcos Bagno da UNB, se degladiaram em um debate acalorado, cada um defendendo seu ponto de vista a respeito do assunto, inclusive aproveitando para colocar em pratos limpos algumas divergências de épocas anteriores.
A seguir trechos do livro Por uma Vida Melhor, selecionados pela jornalista Amanda Cieglinski da agência Brasil, e em seguida vídeo na íntegra do programa Observatório da Imprensa de 24/05/2011.
“É importante saber o seguinte: as duas variantes [norma culta e popular] são eficientes como meios de comunicação. A classe dominante utiliza a norma culta principalmente por ter maior acesso à escolaridade e por seu uso ser um sinal de prestígio. Nesse sentido, é comum que se atribua um preconceito social em relação à variante popular, usada pela maioria dos brasileiros”
“'Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado'. Você pode estar se perguntando: ‘Mas eu posso falar ‘os livro?’.’ Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico. Muita gente diz o que se deve e o que não se deve falar e escrever, tomando as regras estabelecidas para a norma culta como padrão de correção de todas as formas linguísticas. O falante, portanto, tem de ser capaz de usar a variante adequada da língua para cada ocasião”
“Na variedade popular, contudo, é comum a concordância funcionar de outra forma. Há ocorrências como:
Nós pega o peixe.
nós - 1ª pessoa, plural
pega - 3ª pessoa, singular
Os menino pega o peixe.
menino - 3ª pessoa, ideia de plural (por causa do “os”)
pega - 3ª pessoa, singular
Nos dois exemplos, apesar de o verbo estar no singular, quem ouve a frase sabe que há mais de uma pessoa envolvida na ação de pegar o peixe. Mais uma vez, é importante que o falante de português domine as duas variedades e escolha a que julgar adequada à sua situação de fala.”
“É comum que se atribua um preconceito social em relação à variante popular, usada pela maioria dos brasileiros. Esse preconceito não é de razão linguística, mas social. Por isso, um falante deve dominar as diversas variantes porque cada uma tem seu lugar na comunicação cotidiana.”
“A norma culta existe tanto na linguagem escrita como na linguagem oral, ou seja, quando escrevemos um bilhete a um amigo, podemos ser informais, porém, quando escrevemos um requerimento, por exemplo, devemos ser formais, utilizando a norma culta. Algo semelhante ocorre quando falamos: conversar com uma autoridade exige uma fala formal, enquanto é natural conversarmos com as pessoas de nossa família de maneira espontânea, informal.”
Ontem, no programa Observatório da Impresa da TV Brasil, os professores Sérgio Nogueira, consultor de português das organizações Globo e Marcos Bagno da UNB, se degladiaram em um debate acalorado, cada um defendendo seu ponto de vista a respeito do assunto, inclusive aproveitando para colocar em pratos limpos algumas divergências de épocas anteriores.
A seguir trechos do livro Por uma Vida Melhor, selecionados pela jornalista Amanda Cieglinski da agência Brasil, e em seguida vídeo na íntegra do programa Observatório da Imprensa de 24/05/2011.
“É importante saber o seguinte: as duas variantes [norma culta e popular] são eficientes como meios de comunicação. A classe dominante utiliza a norma culta principalmente por ter maior acesso à escolaridade e por seu uso ser um sinal de prestígio. Nesse sentido, é comum que se atribua um preconceito social em relação à variante popular, usada pela maioria dos brasileiros”
“'Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado'. Você pode estar se perguntando: ‘Mas eu posso falar ‘os livro?’.’ Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico. Muita gente diz o que se deve e o que não se deve falar e escrever, tomando as regras estabelecidas para a norma culta como padrão de correção de todas as formas linguísticas. O falante, portanto, tem de ser capaz de usar a variante adequada da língua para cada ocasião”
“Na variedade popular, contudo, é comum a concordância funcionar de outra forma. Há ocorrências como:
Nós pega o peixe.
nós - 1ª pessoa, plural
pega - 3ª pessoa, singular
Os menino pega o peixe.
menino - 3ª pessoa, ideia de plural (por causa do “os”)
pega - 3ª pessoa, singular
Nos dois exemplos, apesar de o verbo estar no singular, quem ouve a frase sabe que há mais de uma pessoa envolvida na ação de pegar o peixe. Mais uma vez, é importante que o falante de português domine as duas variedades e escolha a que julgar adequada à sua situação de fala.”
“É comum que se atribua um preconceito social em relação à variante popular, usada pela maioria dos brasileiros. Esse preconceito não é de razão linguística, mas social. Por isso, um falante deve dominar as diversas variantes porque cada uma tem seu lugar na comunicação cotidiana.”
“A norma culta existe tanto na linguagem escrita como na linguagem oral, ou seja, quando escrevemos um bilhete a um amigo, podemos ser informais, porém, quando escrevemos um requerimento, por exemplo, devemos ser formais, utilizando a norma culta. Algo semelhante ocorre quando falamos: conversar com uma autoridade exige uma fala formal, enquanto é natural conversarmos com as pessoas de nossa família de maneira espontânea, informal.”
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