quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Joaquim Barbosa para presidente

O sentimento de cidadania e justiça voltou a aflorar no seio do povo brasileiro.

Tudo porque um ministro do STF – Supremo Tribunal Federal, de cor negra e de origem humilde tem se tornado o ícone da luta contra a corrupção no Brasil. (veja também postagem anterior sobre o ministro Barbosa, clicando aqui)

Relator da ação penal nº 470 chamado de processo do mensalão, o ministro Joaquim tem sido um modelo raro de honradez e dignidade no triste e lamentável panorama atual do poder judiciário brasileiro, servindo de exemplo a seus pares e traduzindo os anseios de toda uma geração de pessoas honestas deste país.

Abaixo, vídeo com trechos do relato do processo do mensalão e em seguida uma rápida biografia do ministro Joaquim.



Joaquim Benedito Barbosa Gomes é o nome dele.

Conhecido como Joaquim Barbosa, apenas, ele é ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil desde 25 de junho de 2003,quando nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É o único negro entre os atuais ministros do STF. Joaquim Barbosa nasceu no município mineiro de Paracatu em 7 de outubro de 1954 (54 anos), noroeste de Minas Gerais. É o primogênito de oito filhos.

Pai pedreiro e mãe dona de casa passou a ser arrimo de família quando estes se separaram. Aos 16 anos foi sozinho para Brasília arranjou emprego na gráfica do Correio Braziliense e terminou o segundo grau, sempre estudando em colégio público. Obteve seu bacharelado em Direito na Universidade de Brasília, onde, em seguida, obteve seu mestrado em Direito do Estado.

Prestou concurso público para Procurador da República e foi aprovado. Licenciou-se do cargo e foi estudar na França por quatro anos, tendo obtido seu Mestrado em Direito Público pela Universidade de Paris-II (Panthéon-Assas) em 1990 e seu Doutorado em Direito Público pela Universidade de Paris-II (Panthéon-Assas) em 1993.

Retornou ao cargo de procurador no Rio de Janeiro e professor concursado da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Foi Visiting Scholar no Human Rights Institute da faculdade de direito da Universidade Columbia em Nova York ( 1999 a 2000), e Visiting Scholar na Universidade da Califórnia, Los Angeles School of Law ( 2002 a 2003). Fez estudos complementares de idiomas estrangeiros no Brasil, na Inglaterra, nos Estados Unidos, na Áustria e na Alemanha. É fluente em francês, inglês e alemão.

O currículo do ministro do STF Joaquim Barbosa que vocês acabam de ler foi extraído da Wikipédia, mas pode ser encontrado facilmente nos arquivos dos órgãos oficiais do Estado Brasileiro. “E o que mostra esse currículo?”, perguntarão vocês. Antes de responder, quero dizer que o histórico de vida de Joaquim Barbosa pesa muito neste caso, porque mostra que ele, à diferença de seus pares, é alguém que chegou aonde chegou lutando contra dificuldades imensas que os outros membros do STF jamais sequer sonharam em enfrentar.

Não se quer aceitar, nesse debate – ou melhor, a mídia, a direita, o PSDB, o PFL, os Frias, os Marinho, os Civita não querem aceitar -, que Joaquim Barbosa é um estranho no ninho racialmente elitista que é o Supremo Tribunal Federal, pois esse negro filho de pedreiro do interior de Minas é apenas o terceiro ministro negro da Corte em 102 anos, conforme a Wikipédia, tendo sido precedido por Pedro Lessa ( 1907 a 1921) e por Hermenegildo de Barros ( 1919 a 1937). E quem é o STF hoje no Brasil? Acabamos de ver recentemente nos casos Daniel Dantas, Eliana Tranchesi etc. É o que sempre foi: a porta por onde os ricos escapam de seus crimes.

Joaquim Barbosa é isolado por seus pares pelo que é: negro de origem pobre numa Corte quase que exclusivamente branca nos últimos mais de cem anos, que julga uma maioria descomunal de causas que beneficiam a elite branca e rica do país. Sobre o que ele disse ao presidente do STF, Gilmar Mendes, apenas repercutiu o que têm dito, em ampla maioria, juízes, advogados, jornalistas, acadêmicos de toda parte do Brasil e do mundo, que o atual presidente do Supremo, com suas polêmicas midiáticas, com denúncias de grampos ilegais que não se sustentam e que ele até já reconheceu que “podem” não ter existido – depois de toda palhaçada que fez -, desserve à instituição que preside e ao próprio conceito de Justiça.

Gilmar Mendes pareceu-me ter querido “pôr o negrinho em seu lugar”, e este, altivo, enorme, colossal, respondeu-lhe, com todas as letras, que não o confundisse com “um dos capangas” do supremo presidente “em Mato Grosso”. Falando nisso, a mídia poderia focar nesse ponto, sobre “Mato Grosso”, mas preferiu o silêncio. Esperemos…

Finalmente, esse episódio revelou-se benigno para a nação, a meu juízo, pois mostrou que ainda resta esperança para a Justiça brasileira. Enquanto houver um só que enfrente uma luta aparentemente desigual para si simplesmente para dizer o que falam quase todos, porém sem que os poucos poderosos dêem ouvidos, haverá esperança.Enquanto um resistir, resistiremos todos. Joaquim Barbosa é um estranho no ninho do STF, entre a elite branca da nação, e está sendo combatido por isso e por simplesmente dizer a verdade em meio a um mar de hipocrisia. O Brasil inteiro sabe disso e essa talvez seja a verdade mais importante, pois dará conseqüência aos fatos.

Texto extraído do Jornal da Besta Fubana, www.luizberto.com

3 comentários:

  1. Este é o cara que faz jus ao título de "GRANDE HOMEM", eu particularmente, estou admirada e orgulhosa de ver uma pessoa com tamanha firmeza e coragem em conduzir todo esse processo do mensalão.Parabéns, o Brasil merece.

    Isabel!!

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  2. Com todo respeito que me é permitido, não posso concordar com isso! Primeiramente, não se deve inaltecer tanto uma pessoa apenas por ela exercer sua função.
    Por outro lado, entendo que os membros (ministros) do STF deveriam ser concursados e não nomeados. O fato de serem indicados pelo Presidente ou a Presidente, já coloca sua imparcialidade em xeque. Pior é ver que, para não serem acusados de parcialidade, os "nobres" Ministros distorcem as normas constitucionais e demais leis e códigos vigentes no país. O julgamento do Mensalão está muito mais no campo político que no campo jurídico.
    É inadmissível aceitar e i naltecer esses Ministros que, por medo da opinião pública, fundamentam seus votos em suposições e posições totalmente pessoais.
    Infelizmente, o resultado desse atrapalhado julgamento do Mensalão só será confrontado no futuro, quando casos identicos chegarem à Corte e essa ter que repetir os votos...
    Mas a democracia é assim. Cada um diz e escreve o que quer. Eu sei que JAMAIS votaria no Joaquim barbosa para presidente. E por favor, não me venham dizer que sou preconceituoso, pois o próprio Joaquim Barbosa detesta ser identificado como o representante negro da Corte...
    Por hora é só!!!

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  3. Prezado Geraldo,

    Obrigado pela visita e disponha sempre deste espaço para suas opiniões.

    Grande abraço

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